Museologia e Patrimônio, Vol. 11, No 2 (2018)

Usos da memória e patrimônio: Uma síntese do processo de preservação do bairro da Luz, centro de São Paulo

Leonardo Civale, Luna Brum Nunes

Resumo


O artigo investiga a trajetória patrimonial do bairro da Luz, centro de São Paulo, os órgãos envolvidos (CONDEPHAAT e SPHAN ou IPHAN, dependendo do momento avaliado), a prática patrimonial aplicada e as memórias sustentadas. A região manteve um grande acervo de imóveis monumentais e edifícios públicos mesmo diante do processo de degradação e decadência que sofreu a partir de 1960. A preservação de sua memória refletiu uma paisagem urbana fundamentada em dois episódios da história de São Paulo e de seu crescimento urbano. Uma entre o final do século XVIII e início do século XIX quando o principal caminho que conectava ao centro era o “caminho do Guaré” ou “do Guarapé” - essa região passou a abrigar instituições militares e religiosas. E outra ao fim do século XIX, em que o enriquecimento gerado pela produção do café levou à implantação das linhas ferroviárias na região e propiciou a chegada da elite cafeeira. Reconhecendo as tramas que englobam os agentes responsáveis pela seleção e elaboração do patrimônio cultural, este artigo se propõe a entendê-lo como lugar de conflito, e os aspectos micros e macros da política e da prática de preservação nesse território podem ser utilizados para a reflexão de um processo maior, de esfera estadual ou nacional. Como veremos durante as análises dos documentos de tombamento da região da Luz, a preservação se deu através dos tombamentos das edificações monumentais e foram fundamentadas nos critérios da história da arquitetura, se referindo à figura de Ramos de Azevedo – grande arquiteto que promoveu o estilo eclético na cidade – e na memória das ferrovias.

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