Museologia e Patrimônio, Vol. 12, No 1 (2019)

Educando sobre animais peçonhentos e salvando vidas: a importância de um museu universitário temático

Rejane Maria Lira-da-Silva, Josefa Rosimere Lira-da-Silva, Yukari Figueroa Mise, Tania Kobler Brasil

Resumo


o artigo apresenta a construção histórica da identidade do Núcleo de Ofiologia e Animais Peçonhentos da Bahia (NOAP/UFBA) como um museu da Universidade Federal da Bahia, desde a sua criação em 1987 até 2017, quando completou 30 anos. O NOAP/UFBA integra atividades de ensino, pesquisa e extensão sobre répteis e aracnídeos. Conduz os projetos de extensão universitária, “Rede de Zoologia Interativa/REDEZOO” e “Os Bichos do Museu vão à Escola/BME”, com a temática animais peçonhentos, cujos acidentes são considerados doenças tropicais negligenciadas pela OMS. A REDEZOO consta da “Zoologia Viva”, “Zooteca”, “Zookits”, “REDEZOO em Cena” e “REDEZOO no cinema de animação”, com a mediação de estudantes da UFBA. A BME é um curso para educadores e profissionais da saúde, com informações e estímulo à produção de materiais didáticos e comunicação mais contextualizada. Anualmente, realizamos em média 25 atividades itinerantes, com público aproximado de 1.000 pessoas. Nosso objetivo é discutir a experiência das autoras sobre o processo de construção histórica da identidade do NOAP/UFBA, pautada na cultura científica, ciência cidadã e educação CTS para a compreensão pública sobre os animais peçonhentos e a comunicação entre o museu e a escola. Esta pesquisa tem abordagem qualitativa, apresentando numa perspectiva histórica, as propostas teórico-metodológicas da divulgação do tema “animais peçonhentos” desenvolvidas em 30 anos pelo Museu NOAP/UFBA. Nossos resultados mostram que a maioria do público (inclusive profissionais da saúde e educação) tem um conhecimento do senso comum, usa a medicina tradicional, não sabem reconhecer os animais de importância médica e realizam equivocadamente os primeiros socorros. Como museu universitário, nossos desafios são a produção de materiais educativos, formação acadêmica para a museologia e diálogo horizontal com o público, com comunicação criativa que resulte na conservação da biodiversidade, prevenção, tratamento e diminuição de riscos de sequelas e óbitos.

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