A ressignificação do patrimônio imaterial na Festa de Nossa Senhora dos Navegantes de São José do Norte - RS

Resumo

A presença do catolicismo no Brasil durante o período colonial foi estratégica. Este foi um dos fatores importantes no processo de ocupação de alguns territórios do Brasil e, sendo assim, é importante conhecer os produtos desta relação cultural, para melhor compreender e interpretar nossa trajetória. Este trabalho busca compreender alguns significados da bicentenária Festa de Nossa Senhora dos Navegantes de São José do Norte, RS, considerada a mais antiga com esta evocação do Brasil. O estado do Rio Grande do Sul teve sua ocupação tardia se comparado com demais regiões da colônia. Casais açorianos, no século XVIII, foram alojados nas proximidades de São José do Norte e em outras regiões com a missão de ocupar e extrair sua subsistência das terras e das águas desta península. Provavelmente essas raízes portuguesas contribuíram no legado da força da religiosidade, principalmente expressa na devoção em Navegantes, cultuada no local desde 1811 até hoje. O objetivo principal deste trabalho é refletir sobre a Festa de Navegantes e sua memória viva, um patrimônio cultural, suporte material e imaterial do legado local, ressignificando alguns de seus aspectos. Pode-se afirmar que a Festa de Navegantes de São José do Norte, por seus aspectos relacionados com o lugar, tais como as técnicas de trabalho ligadas a atividades primárias, no caso agricultura e pesca, proporcionam uma “intimidade” com os elementos naturais, e um sentimento de gratidão pela fecundidade ou não destes. A subsistência ligada ao solo e às águas, atividades tradicionais são dádivas, talvez por isso a devoção a Navegantes seja intensa e incessante há 204 anos.